CONSCIÊNCIAS

Pelo terceiro ano consecutivo o Centro Cultural do Ministério Público (CCMP) consegue trazer ao público uma exposição alusiva ao Mês da Consciência Negra e ao Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. Muita coisa mudou desde então. Nós também mudamos. A pandemia de Covid-19 impôs perdas, restrições e quase impediu a realização deste importante evento.

Entretanto, o que não mudou foi o desejo do CCMP de abrir-se e propor o debate. O Brasil é um país, infelizmente, com grandes dívidas. A escravidão da população negra, por séculos, é uma delas. O seu fim, em 1888, fruto de um processo intenso de lutas, muitas vezes silenciadas e branqueadas, não foi capaz de sarar a ferida aberta. Hoje, esta parcela da população brasileira – na verdade a maioria, vive nas favelas, não tem acesso a saneamento básico e saúde, a uma educação de qualidade – e por isso mesmo acaba não tendo oportunidades, é a maior vítima da violência, inclusive por parte do Estado. E sofre racismo – esse pré-julgamento que invariavelmente condena.

CONSCIÊNCIAS é uma exposição coletiva construída a partir do diálogo com movimentos sociais, produtores culturais e artistas de várias localidades de São Luís e do Maranhão, residentes na capital do estado.

A diversidade de pontos de vista, fruto das mais variadas referências, está refletida nas obras em exposição, quer seja pela linguagem expressa, quer pelos suportes empregados. Assim, são forjadas estéticas plurais, na contramão de valores anteriormente hegemônicos, fazendo jus ao que de fato somos: um povo culturalmente rico e diverso.

São pinturas em tela, esculturas em cerâmica, colagens manuais, ilustrações, intervenções em azulejos, esculturas em papel reciclado e telhas 3D em cerâmica. A exposição é aberta à visitação gratuita e ficará em cartaz no Espaço de Arte Ilzé Cordeiro, no CCMP, até o dia 20 de janeiro de 2022.

A seguir apresentamos os onze participantes da coletiva CONSCIÊNCIAS.

Ana Dias Neta é filha de Codó. Nasceu em 1968, filha de Maria José Dias, lavradora e quebradeira de coco, neta dos quilombolas Maria Rosalina Dias Brandão e José dos Reis Brandão.

É Pedagoga, Especialista em Educação Inclusiva, graduanda em Gestão Escolar e Mestranda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão. É contadora de histórias e artesã desde os 16 anos e trabalha com múltiplos suportes: pintura em tecido, bordado em fitas, crochê, fantoches com espuma, arte em papel, cerâmica, vasos e animais em cimento, decoração em garrafas de vidro, biscuit, bonecas negras e livros de pano e costuras (colcha de cama, cortinas, bolsas, mochilas).

Ana Dias Neta
Mulheres de luta e resistência

Ângela Ferreira nasceu e se criou no bairro da Liberdade, em São Luís, localidade em que reside até hoje. Despertou para o interesse profissional artístico no final dos anos 1990. Já desenhou e pintou, mas hoje se realiza como escultora e restauradora. Expôs suas obras em diversos espaços, como Sesc, Odylo Costa, filho, e no Salão de Artes Plásticas de São Luís.

Ângela Ferreira
Religiosidade

Ângelu de Palmar é Multiartista/Artesão. Nascido em São Luís, tem vinte e um anos. Os pais sempre foram envolvidos com arte, nas suas variadas expressões, do teatro e artes visuais, passando pelo artesanato em palha de coco. Para ele, o ato da sua gestação já foi uma manifestação artística, derivando daí um interesse orgânico, no sentido literal da palavra, pela arte. Essa genética artística traz como carga um conjunto de anseios psicofísicos, como o desejo de ver o próprio corpo no mundo, os incômodos, satisfações, traumas e a ancestralidade. O conflito no espaço-corpo do artista leva-o a desenvolver um trabalho de experimentação de processos de produção, formas, suportes – do som à matéria.

Ângelu de Palmar
Corporização biônica, para além do homem e da máquina

Freya – Hersyla Santiago – nasceu em São Luís do Maranhão, vinda de uma família cheia de amor e cuidados. E foi na família que encontrou o amor e a inspiração artística. Quando tinha os seus cinco anos de idade, viu um tio fazer um desenho realista de uma jovem. Naquele dia tomou uma decisão: queria fazer arte! Desde então se dedicou e aperfeiçoou seus conhecimentos em desenhos realistas e pinturas, além da descoberta do dom da música.

Freya
Representatividade da mulher preta na sociedade

Jean Charles Ribeiro Chagas nasceu em São Luís do Maranhão, em um dos bairros mais tradicionais da capital, a Fé em Deus. Ainda na infância começa a observar em seu cotidiano, as múltiplas formas de interação entre as manifestações populares e as Artes Visuais, em específico, o Bumba-meu-boi, a Festa do Divino Espírito Santo, Arte Indígena, Expressões Afro-religiosas e o Carnaval de Rua. É ainda na adolescência que a paixão pelo artesanato popular ganha mais força, principalmente pelo conhecimento da “argila”, matéria prima fundamental para que começasse a trabalhar profissionalmente com a cerâmica e que o consagrará como ceramista. Em 1998, Jean Charles ingressa no mundo das Artes através das exposições coletivas e concursos realizados pelo Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Universidade Federal do Maranhão e Fundação Municipal de Cultura. Foi premiado em vários concursos e pôde, em muitas oportunidades, expor individualmente em galerias públicas e privadas de São Luís. Suas obras puderam ser vistas em outros Estados do Brasil, como Santa Catarina, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Distrito Federal, em outros países da América Latina, como Argentina, Chile, México e Uruguai, bem como, ainda em países da Europa, como França, Holanda, Itália e Espanha. Por meio do seu olhar, Jean Charles se expressa, além da cerâmica, por meio de outras técnicas para a elaboração de seus trabalhos artísticos, como Instalações Artísticas e Pinturas.

Jean Charles
Abrigo

Maria Izabel Mendes Matos nasceu em 1952, em São Luís, filha da costureira Maria Garcia e do Estivador Sebastião Mendes. Teve seu primeiro contato, com argila aos cinco anos de idade. Gostava de fazer figuras humanas, brincando com o barro, pois acompanhava seus pais e o tio Bento, que trabalhavam numa olaria. A sua inspiração vem da avó Rita Garcia, que fazia panelas, cachimbos e outras peças de cerâmica.

É Mestra na arte da cerâmica e se sente realizada como artesã e com o poder de repassar seus saberes para os seus semelhantes. Desenvolve relevantes projetos nas universidades Federal e Estadual do Maranhão e oficinas de cerâmica em quilombos.

Izabel Matos
A fé

Rosane Meireles Lopes é uma artista versátil e trabalha com técnicas variadas: azulejaria, reciclagem, corda seca em cerâmica, técnicas variadas em MDF e telhas em 3D. Participa frequentemente de feiras de artesanato e ministra oficinas com regularidade.

Rosane Lopes

Thiago Cruz nasceu em Imperatriz, no sul do Maranhão, em 1991. O seu interesse pelo universo das artes surgiu na infância, quando já gostava de se expressar por meio de desenhos. A inclinação artística foi se intensificando quando passou a frequentar o curso de teatro e depois acabou sendo um dos fundadores da Kolobô (movimento, em Iorubá), cuja principal proposta é unir as ideias de moda sustentável e afro empreendedorismo, utilizando a arte como uma das principais ferramentas para falar sobre nossos ideais, gostos e experiências. Pela segunda vez Thiago expõe no CCMP.

Thiago Cruz
Eu, o infinito

Uaatê (Nascido da Lua ou Lua Grande – é como o povo indígena da tribo Sateré Mawé chama os que nascem pela noite) é o nome artístico do ceramista, bordador e pintor Jonas Santos. Uaatê surgiu da necessidade do artista em expor o que era sentido dentro de si. Há dois anos se aprofunda na pintura abstrata e no neoexpressionismo moderno, tendo como referência artistas de base da cultura negra e ancestral, com inspirações no afro punk e técnicas de linha única. Escreve poesia e prosa e confecciona zines.

Uaatê
Cheio de graça

Vitória Maria Rodrigues é ceramista autodidata. O pontapé inicial do seu envolvimento com o mundo das artes deu-se quando participou de um curso de Arte Sacra em madeira, quando recebeu o incentivo da professora Imain Pedrosa. Desde então participou de diversas exposições. Ministra regularmente, no Estaleiro Escola do Sítio Tamancão, oficina de escultura em cerâmica.Vytto Rodriguez é um artista plástico polivalente. Atua com oceramista e escultor, além de pintor e desenhista. Nasceu em São Luís, em 1990. É também professor de cerâmica há quatro anos. Expôs seus trabalhos em diversas oportunidades, destacando-se contextos em que se homenageiam a cidade de São Luís e o seu rico patrimônio histórico.

Vitória Rodrigues

Vytto Rodriguez é um artista plástico polivalente. Atua como ceramista e escultor, além de pintor e desenhista. Nasceu em São Luís, em 1990. É também professor de cerâmica há quatro anos. Expôs seus trabalhos em diversas oportunidades, destacando-se contextos em que se homenageiam a cidade de São Luís e o seu rico patrimônio histórico.

Vytto Rodriguez
Maria Firmina

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